sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sanções contra o Irã: Obama pior do que Bush.

Obama, durante a campanha, apontou que os Estados Unidos estavam agindo unilateralmente nas decisões internacionais. Para ele, o país precisa agir mais com o apoio da comunidade internacional, utilizar mais as Nações Unidas para exercer diplomacia e convencer aliados e mesmo inimigos. Chegou a dizer, durante um debate com o senador McCain, que gostaria de se sentar à mesa com o presidente do Irã, Ahmadinejad, para tentar parar o enriquecimento de urânio no Irã,que as próprias resoluções da ONU não foram capazes de parar.

À exceção da última Resolução contra o Irã, do dia 9 de junho passado, Resolução 1929, todas as outras resoluções contra o Irã foram feitas durante o governo Bush. E em todas elas houve maior aprovação do Conselho de Segurança. Com Obama, a aprovação teve Turquia, Brasil e Líbano votando contra (os dois primeiros) ou se abstendo (Líbano).

À parte os cinco países: China, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e França, o restante dos 10 países membros do Conselho de Segurança é rotativo. A primeira Resolução pedindo que o Irã parasse o enriquecimento do urânio, Resolução 1696, de 31 de junho de 2006, foi aprovada por 14 países, apenas o Catar votou contra. Na segunda resolução também de 2006, Resolução 1737, de 23 de dezembro de 2006, depois que o Irã descumpriu a anterior, foram aplicadas sanções ao Irã e o Catar votou a favor. A Resolução foi aprovada de forma unânime. Argentina e Peru faziam parte do Conselho em 2006.

Em 2007, ampliaram-se as sanções com a Resolução 1747, de 24 de março. Foi também aprovada de forma unânime. Catar continuava como membro do Conselho, e a Indonésia (país de maioria islâmica) entrou. O Irã continuava a enriquecer urânio e tinha recusado uma oferta da ONU de incentivos econômicos e ajuda para a produção de energia nuclear para fins pacíficos.

Em 2008, último ano do governo Bush, com a sua popularidade aos frangalhos dentro e fora dos Estados Unidos, a ONU aprovou duas Resoluções contra o Irã. Em 3 de março, a Resolução 1803 estendeu as sanções contra o Irã. Foi aprovada com 14 votos a favor e uma abstenção (Indonésia). A Líbia e o Vietnã faziam parte do Conselho em 2008. Em 27 de setembro, três meses antes de Bush deixar a presidência, a ONU aprovou a Resolução 1835 que reafirmou a Resolução anterior e novamente pediu que o Irã parasse de enriquecer urânio. A Resolução foi aprovada por unanimidade.

Sabemos que o mundo mudou. Também devemos reconhecer que a Turquia está se bandeando para o mundo islâmico sob o primeiro-ministro Recep Erdogan, e que o Brasil tomou uma atitude mais ideológica nas suas relações exteriores, mais à esquerda, abandonando a independência que o Itamaraty sempre representou.

Mas os resultados das sanções mostram que um governo americano forte é muito importante para ações contra o Irã. O Obama levou 16 meses para levar um acordo de sanções para o Conselho de Segurança. Pergunto-me se é só os Estados Unidos que vêem o perigo de um Irã nuclear. Todos os outros países ficam esperando os Estados Unidos reagirem. A Europa só me decepciona nesse aspecto. Os Estados Unidos são o único país que mantém firmeza no cumprimento das sanções. A nova Resolução, que é a mais forte delas contra o Irã, já começa a ser fragilizada pelos próprios membros permanentes do Conselho, como a Rússia.

No caso da Resolução 1929, parece-me que as ações do Brasil e da Turquia tentando alcançar um acordo com o Irã, no qual o Irã mantinha o enriquecimento do urânio, aceleraram a aprovação das sanções.

Mas a abordagem diplomática do Obama, tentando levar os Estados Unidos para a mesa de negociação com um país reincidente no descumprimento de acordos internacionais mostra inexperiência do Obama e dá apenas mais força para os inimigos, que percebem a chance de manter suas políticas agora com o apoio norte-americano. Antes da aprovação das sanções, o Obama enviou cartas ao Irã tentando levar o país a negociar. O que será que o Irã fez com estas cartas?

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