segunda-feira, 30 de julho de 2012

Doação de Espermas e Óvulos. Doação???

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A escritora Jacqueline Merrill comentou sobre o livro Sex Cells (Células do Sexo) da socióloga Rene Almeling no site do The New Atlantis. No livro, Rene tenta descobrir por que homens e mulheres "doam" espermas e óvulos para que outros casais tenham filhos que terão seus códigos genéticos.

Por que eu coloquei o verbo doar entre aspas? Porque a resposta básica para pergunta de Rene é dinheiro. Na verdade, as pessoas não doam, elas vendem espermas e óvulos. Ganham dinheiro com isso, para muitos vendedores (para usar a palavra correta) é o emprego que têm. Um dos entrevistados chega a dizer que faz isso para manter a renda e conseguir consumir o que deseja. O título do texto de Merrill é "Paid Parenthood" (poderia ser traduzido por "Pagar para ter Filhos")

Na realidade, Jacqueline esclarece, Rene não explora muito isso, apesar de identificar que o principal ( e muitos vezes único) incentivo seja o dinheiro. Ela não explora a questão, perguntando aos entrevistados que dizem fazer isso para ajudar casais sem filhos, por exemplo, se eles fariam a mesma coisa e do mesmo jeito se não ganhassem dinheiro.

Um homem ao vender espermas pode ganhar até US$ 100 por venda, assim ele vendendo várias vezes no mês pode conseguir um bom dinheiro. A retirada de óvulo feminino envolve muito mais riscos para a mulher, pode até provocar a morte (é uma cirurgia). E por isso, a mulher recebe pela cirurgia e não se exige qualidade do óvulo, ao contrário do homem, que é obrigado a controlar seus atos sexuais para manter a qualidade do esperma. A mulher pode receber mais de US$ 5 mil pela venda dos óvulos.

Além da alteração da realidade ao se usar a palavra doação, quando na verdade se vende, há outras. As vendedoras de óvulos não são chamadas de mães (genéticas), mas sim egg donors (doadoras de óvulos). Os óvulos são chamados de "presentes" (gifts) e não de óvulos.

A Rene reconhece que na verdade "se está vendendo uma família", a alteração da linguagem serve para reduzir o impacto do ato.

Ao contrário das mães, Rene diz que os homens se sentem felizes em saber que serão pais de muitos por aí que não saberão quem são seus verdadeiros pais genéticos. A maternidade parece ter um impacto bem maior nas mulheres, por isso elas evitam o rótulo de mães.Talvez o efeito do dinheiro recebido também pode explicar. O homem recebe bem menos, por isso não veja tanta significância no ato.

Apesar da rapidez do ato e das palavras usadas, Rene mostra que tanto homem como mulheres reconhecem que o dinheiro que ganham com as vendas, é um dinheiro diferente, especial, psicologicamente complexo. E quando perguntados sobre seus filhos andando por aí, isto os altera e os move. Isto é, eles sabem que há um problema ético sério envolvido.

Além de não explorar a questão financeira das vendas de material genético, Rene também não investiga o efeito nas partes mais frágeis: as crianças sem pais genéticos.

Mas realmente, como Merrill diz, o livro de Rene deve valer a pena para analisar a questão inicialmente.


(Agradeço o texto de Merril ao site new Advent)

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