sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O Estado Islâmico é Islâmico?


Parece uma loucura fazer a pergunta que dá título a esta postagem, porque os líderes do Estados Islâmico dizem que são islâmicos, que seguem os passos de Maomé, e que seguem a lei sharia estritamente, e sempre carregam o Alcorão. Além disso, dizem que o Estado Islâmico é uma califado que tem o objetivo de dominar tudo para Alá.

Mas os líderes do mundo ocidental (Obama, Cameron, etc) negam o islamismo do Estado Islâmico, dizem que o Islã é na verdade uma religião de paz e que o Estado Islâmico é dominado por uma ideologia que distorceria o Islã.

A quem devemos ouvir?

Eu devo publicar um texto sobre o Islã discutindo isso este ano, assim que eu publicar eu vou disponibilizar aqui no blog. Mas durante as conferências que fui no exterior para debater meu artigo, sempre aparece alguém para dizer que o terrorismo islâmico não é islâmico. Também é engraçado como costuma aparecer alguém que diz que vai entrar em contato comigo para mostra um imã que discorda do meu artigo. Bom, isto nunca aconteceu.

Mas ontem eu encontrei um tesouro sobre isso.

O grupo CAIR (Conselho para Relação Islâmica-Americanas), um grupo de influência da Irmandade Muçulmana, que vive defendendo Hamas, atacando Israel e que monitora avidamente tudo que considera islamofobia, como treinamento do FBI sobre terrorismo islâmico, resolveu escrever uma Carta Aberta dizendo que o Estado Islâmico não é Islâmico.

Você pode ler a Carta Aberta sozinho, e terá enormes dúvidas, basta que você tenha uma raciocínio lógico.

Eu sou professor de lógica. E nas minhas primeiras aulas eu costumo pegar frases do cotidiano que passam como ótimas, para criticar. Por exemplo, eu critico uma frase de Ruy Barbosa que está escrito nas paredes da Universidade que dou aulas. A frase diz: "Sem lei, não há salvação". Eu mostro para os alunos que a frase é vazia de sentido. Eu preciso das definições de lei e de salvação para que faça sentido e além disso há milhões de casos em que a lei é péssima ou perversa e assim fora dela é que há salvação. Mas também precisamos saber que salvação é essa.

Como este modo de pensar, você sozinho pode encontrar muitos vazios no texto da Carta Aberta. Estes vazios mostram inúmeros problemas com o Islã.

Ontem eu passei uma parte da tarde analisando a Carta. Mas o site Jihad Watch fez uma excepcional análise da Carta Aberta, mostrando os vazios que falo. Infelizmente a Carta é longuíssima, não seria possível a tradução para o português. Não tenho tempo.

Mas vou resumir meu ponto de vista em poucas palavras.

Primeiro a Carta diz que não se pode pegar pedaços do Alcorão para determinar um política, dever-se-ia analisar o todo, o Alcorão e os Hadith, que contam a vida de Maomé. O uso desses Hadith é complicado pois existem falsos Hadith.

Acontece que o assinantes da Carta fazem justamente o que condenam, pegam partes do Alcorão e do Hadith. Assim, a crítica é vazia. Toda análise do Alcorão faz justamente isso também, não é possível outra maneira.

A Carta diz que para se entender o Islã deve-se saber árabe. Uma bobagem. E não serve para o Estado Islâmico, cujo líder sabe árabe e é PhD em assuntos islâmicos.

A Carta diz que é proibido no Islã matar inocentes. Mas não define quem são os inocentes. Você pode deixar de ser inocente se for um apóstata ou um infiel ou ser considerado alguém que atacou terras islâmicas de alguma maneira.

A Carta se concentra na ideia de guerra defensiva e que o Estado Islâmico faz guerra ofensiva, o que seria proibido. Mas o Estado Islâmico se considera um califado, e um califa pode determinar guerra ofensiva no Islã. Além disso, o Estado Islâmico pode declarar que a guerra que faz é defensiva.

A Carta diz que o Islã proíbe ferir e maltratar cristãos ou "povo da escritura" (o que entrariam os judeus). Mas o Alcorão diz que deve-se lutar contra cristãos e judeus até que eles se submetam. Depois que eles se submetem, e pagam imposto para viver em terras islâmicas (o que faz o Estado Islâmico), aí é que os cristãos e judeus não podem ser maltratados e feridos, se não fizerem rebelião e não fizerem proselitismo de sua fé.

A Carta parece dizer que as ações de Maomé se referem apenas ao século 7, e que o terrorismo não pode usar estas ações para justificar seus atos. Mas não diz isso claramente, pois seria negar o Alcorão completamente como livro sagrado eterno.

A Carta distingue a "razão da Jihad" que seria fazer uma guerra contra quem ofendeu os muçulmanos (guerra defensiva) do "objetivo da Jihad" que seria implementar o islamismo no mundo todo, colocar todos submetidos a Alá. Mas aí se perde completamente, pois se este é objetivo, como negar o que faz o Estado Islâmico?

Leiam a análise do Jihad Watch, é sensacional. É longa e complexa, mas vale à pena.

Sobre os líderes ocidentais negando que o terrorismo islâmico não tem nada a ver com o Islã, o Jihad Watch também disponibiliza um vídeo sarcástico sobre isso. Vejam abaixo:






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