terça-feira, 23 de novembro de 2010

Vale Tudo na Guerra contra Terrorismo?






No começo deste mês, George W. Bush lançou seu livro Decision Points e afirmou em várias entrevistas de lançamento do livro que as torturas aos terroristas salvaram muitas vidas em diferentes países. Você acredita nisso? Eu acredito.

Os ataques terroristas não têm alvo militares, os alvos são civis que não foram e nem querem estar preparados para perturbarem suas vidas com medo constante de ataques. E a ideologia ou a religião podem fornecer combatentes extremamente fortes em seus princípios e isso faz com que  haja muita dificuldade para que esses combatentes delatem seus companheiros de luta. Eu não acredito é na idéia de que devemos tratar bem os terroristas pois assim eles acharão que nós somos do bem, e não serão mais terroristas. Isso é bobagem.

Então, vale torturar? Em algumas circunstâncias, sim. O objetivo pode ser mais do que nobre: salvar vidas. Qual é o limite disso? Justamente o objetivo.

E vale fornecer armas para crianças para combater o terror?

No dia 25 de outubro passado, o Obama liberou quatro países de penalidades por usarem Crianças Soldado (foto acima) previstas no Child Soldiers Prevention Act of 2008 ( Lei para Prevenção de uso de Crianças Soldados de 2008). Essa lei proibe ajuda miltar para países envolvidos com o uso de crianças soldado.

Os seguintes países foram liberados das penalidades por Obama: Chade, República Democrática do Congo, Sudão e Iemêm. A justificativa, como está escrito na lei (Seção 404(a)), é o interesse nacional. Abaixo, o memorando assinado pelo Obama.

 
Diante do memorando, 29 organizações de direitos humanos reagiram e enviaram cartas de reclamção ao governo americano, afirmando que o governo dava carta branca para uso de crianças e reduzia seu poder de influenciar na melhora das condições de vida delas.

A publicação Foreign Policy revelou os motivos secretos da administração Obama para perdoar os países infratores:


"We recognize that the United States has a complex set of national interests in each of these countries, including for example, counter-terrorism concerns in Yemen.... "However, the administration could have accommodated these concerns while also showing that it was taking the Child Soldiers Prevention Act seriously and using its leverage strategically to effectively end the use of child soldiers."

(Nós reconhecemos que os Estados Unidos têm um conjunto complexo de interesses nacionais em cada um deses países, icnluindo, por exemplo, preocupações contra-terroristas no Iêmen...Entretanto, a administração tem acomodado essas preocupações mostrando também que está levando o Child Soldiers Prevention Act seriamente e usando isso para estrategicamente e efetivamente acabar com o uso de crianças soldado).

Outra justificativa dada pelo governo americano é que o relacionamento militar com os quatro países é uma medida efetiva para reduzir o uso de crianças em ações militares.

Em outro artigo, a Foreign Office esclarece a ação dos Estados Unidos em cada país.

No Chade, os Estados Unidos estão engajados em atividades contra-terroristas e também trabalhando com os militares do país para lidar com os refugiados que fogem do Sudão. No Congo, os Estados Unidos fornecem treinamento de vários tipos e assessoria militar, além de veículos militares. O Congo é o país que mais usa crianças soldado segundo a ONU, mas de 33 mil lutam na guerra civil do país. Em relação ao Sudão, outras sanções impedem os Estados Unidos de ajudar o governo de Cartum no norte, mas os Estados Unidos dão assistência militar ao Exército de Liberação do Povo do Sul (Southern People's Liberation Army - SPLA), que poderá se tornar o exército de um possível país que se formará com o desmembramento da região sul do Sudão. O SPLA usa por volta de 1.200 soldados. O Iêmen recebe elevada assistência militar dos Estados Unidos. Neste ano, recebeu 151 milhões de dólares. O governo do país está em uma luta sangrenta com membros da al-Qaeda e outros grupos terroristas. Há bastante uso de crianças soldado por esses grupos.

Acessando aqui, você pode ter uma idéia do problema de crianças soldado no mundo.

Mas, e aí? O governo Obama agiu certo ou não? Acho que para responder essa pergunta, nós primeiro devemos nos perguntar onde está a obrigação dos próprios países em conter o uso de crianças soldado? Muito problemas domésticos são muitas vezes considerados problemas dos Estados Unidos, talvez porque seja o país mais rico do mundo, então teria a obrigação de salvar todos os outros. Devemos entender também as limitações tanto da doação como da falta de doação financeira e militar para resolver problemas. Além disso, há o problema da soberania. Até que ponto pode um país regular o comportamento do outro?

Eu acho que a comunidade internacional deve reagir quando um país destrói seu próprio povo, a soberania não pode limitar a ação na defesa da vida.

Diante de tudo isso, eu acho que os Estados Unidos devem impor fortes condições para ajuda militar. Não devem fornecer armas ou ajuda financeira para quem usa crianças. Mas como controlar isso?

Dinheiro só não resolve. É necessário mudança cultural, ética e política. É necessário educação e oportunidades de trabalho. Como fazer isso? Com a ajuda de igrejas, de professores, de empresas, de governos.

O Obama errou ao perdoar os países infratores? Acho que os Estados Unidos precisam do Iêmen para conter a al-Qaeda e o Chade precisa de muita ajuda para sobreviver aos conflitos no Sudão. Considero, no entanto, pelas informações que disponho, que ele erra ao apoiar o SPLA e o Congo.

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